No Brasil, por uma estratégia de um religioso para galgar notoriedade e mais destaque na hierarquia religiosa em seu tempo, foi engendrada toda uma estória que deu origem a crença popular adotada convenientemente por uma parte de religioso católicos no Brasil, fatos devidamente esclarecidos e divulgados por um ex-padre católico romano em um livro bem escrito com documentação e citações históricas que por razões compreensíveis não chegou a e ainda não chega ao conhecimento da população brasileira.
No governo do presidente João Batista de Figueiredo, o dia 12 de outubro ganhou status de feriado nacional religioso, novamente em um flerte entre a política e religiosos, no caso um agrado bem recebido pela cúpula católica romana no país e bem vista pelo próprio Vaticano sem dúvida alguma. ( tudo isso pode ser comprovado em um artigo que cita o livro do ex padre Dr Aníbal Pereira Reis "A SENHORA APARECIDA, A VERDADEIRA HISTÓRIA" que já ultrapassa de longe a sua 10ª edição LINK AQUI ). Esse importante livro pode ser baixado gratuitamente no site Scribus, fazendo login através de uma conta do facebook e fazendo o devido upload de uma outra obra literária de relevância e qualidade.
Em uma segunda vez, por motivos de ambição a mentira é ratificada como verdade absoluta e dogmática, mesmo quando dentro da própria fé cristã católica romana, ela dificilmente deixaria de ser reconhecida como anátema.
Há anos conheço o testemunho e o relato de uma experiência religiosa, ou mais do que religiosa, espiritual, de encontro com a verdade, de um querido irmão, mas me passara desapercebidamente a data desses fatos. Sempre atentei a outros detalhes de seu testemunho, menos a data, que curiosamente é exatamente a data do feriado religioso dedicado à santa Aparecida, tida como "padroreira" do Brasil, contra toda a lógica ou razão mais simples, inclusive ferindo a própria língua portuguesa, na sua origem latina mais ortodoxa: padre =pai, logo padroeira é algo tão irritante linguisticamente como "presidanta", "caba","sargenta", etc.
Pois bem republico mais uma vez, com autorização dada para outras vezes, esse testemunho que leve a cada leitor a decidir entre a mentira e verdade, algo que no nosso relativismo e comodismo de cada dia parece tão irrelevante, mas que não é. Trata-se de ser "SALVO" ou continuar insensivelmente como "NÃO SALVO" até um dia fatídico em que, demente ou extremamente dolorido e em sofrimento extremo, seja já impossível de exercitar a razão e professar a única fé que salva, afastada e renegada toda a mentira e engano absorvida durante toda uma vida inteira, às vezes uma vida bem vivida e bem intencionada, com uma única pedra ou senão: amor maior à mentira do que à verdade!
Leia atentamente o testemunho abaixo, reflita, e que a luz da verdade venha brilhar em seu coração nesse dia, que bem ou mal, muitas pessoas separam para buscar a fé, se perguntarem sobre a vida e a morte, se mostrarem gratas e dependentes de alguém maior do que elas mesmas, o que já é um bom começo, mas o passo certo, como o desse testemunho, deve ser obrigatoriamente dado. Que Deus o alcance nesse dia. Amém.
Por Helvécio S. Pereira
Hoje comemoro a data mais importante da minha vida. Não foi o meu nascimento na maternidade, nem o meu casamento, nem a vinda dos meus filhos, formatura ou qualquer outro evento que marcou a vida. Não que essas coisas sejam sem importância, não é isso. Elas são fundamentais, e devemos comemorá-las na proporção da felicidade e alegria com a qual Deus nos presenteou-as, como dádivas, como prova da sua bondade para conosco. Mas a prova maior do seu amor está em que "Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores" [Rm 5.8]. E foi, exatos seis anos, no dia 12.10.2004, que Cristo me resgatou no tempo, convertendo-me a si. Sei que a minha salvação é eterna, determinada por Deus antes da fundação do mundo, escolhido por ele para sempre, mas apenas tornou-se minha conhecida naquela data.
Parte de como era a minha vida e os meus pensamentos estão registrados no texto entitulado "A Morte da Morte", o qual pode ser lido aqui mesmo no Kálamos. Não vou entrar nos detalhes de como eu era, e nem é preciso. A Bíblia claramente assevera que, como todos os homens, eu não era justo, não entendia e nem buscava a Deus. Estava extraviado, e me fazia inútil; não fazia o bem. Minha garganta era um sepulcro aberto. Minha língua tratava enganosamente; peçonha de áspides estava debaixo dos meus lábios. A boca cheia de maldição e amargura. Os pés caminhando ligeiros para derramar sangue. Em meus caminhos havia destruição e miséria; e não conhecia o caminho da paz; nem havia temor de Deus diante dos meus olhos [Rm 3.10-18].
Mesmo não realizando alguns desses males, aos quais o apóstolo Paulo se referiu, e os profetas também relataram, todos os pecados estavam possíveis diante de mim, e somente não foram concretizados porque Deus não me deixou ser tudo o que eu poderia ser como pecador. Ele me poupou de levar à cabo toda a loucura e impiedade que estavam dispostas em meu coração, latentes a esperar o momento adequado para se manifestarem; e não ser ainda pior do que já era.
Como o pecado nos cega, eu estava cego, e me considerava o único dos homens que valia alguma coisa; e desprezava todos, sem exceção, e aqui posso incluir até mesmo a minha família. Basta alguns minutos de bate-papo com a minha esposa para se perceber o nível de corrupção em que minha alma se encontrava. Eu era um tolo considerando-me sábio. Apelava para uma sanidade impregnada de loucura. Para uma saúde doentia. Uma perfeição mergulhada na imperfeição; atolada na corrupção mais que possível. E eu não queria ver. Não podia ver. O pecado me impedia de olhar para mim mesmo e encarar a realidade. Por isso, ele criava ondas de ilusão e delirio que me mantinham preso a uma imagem desconstruída e mal-formada, a manter preservada a impiedade naturalmente disforme, e a formar cada vez mais o espectro do homem caído, cheio de si mesmo, em minha própria insuficiência.
Alguém poderá dizer: "mas que exagero! Ninguém é assim tão estúpido e tão mal". Mas pode acreditar, até o momento em que Senhor me restaurou, não há palavras suficiente para descrever o estado de corrupção, inaptidão e loucura da minha alma.
Havia passado a noite em claro, e por alguns dias, esta foi a minha rotina. Dormia duas, três horas por noite, intermitentes e atormentadas. Sem saber ao certo o que estava acontecendo, colocará-me contra tudo e todos. Havia apenas eu, e mais ninguém. Interessante que não havia problemas na minha vida, nada que justificasse o estado angustiante em que me encontrava. Não tinha problemas financeiros além do normal; pequenas dívidas a serem pagas parceladamente. Não havia problemas de saúde na família. Ou algo de grave e insustentável. O problema era eu, e somente meu. Nutria uma paranóia que colocava todos contra mim, e eu me defendia de nenhum ataque, odiando-os e jurando vingança. Até que, naquela noite, uma idéia desesperadora foi-se formando, e passadas algumas horas, já estava decidido; havia encontrado a solução final. E qual era? Abandonar tudo e todos, fugir, sem deixar rastros, e ir longe o suficiente para me livrar da dor que me consumia. Se eles eram o problema, nada mais natural do que afastá-los.
À medida que o tempo passava, e o silêncio era entrecortado por um veículo ou outro cruzando a rua, por uma voz ou outra solitária, eu estava cada vez mais decidido de que aquela era a solução. Estava na sala, a tv ligada, as cores de um filme se misturando à escuridão da mente.
Foi quando vi aquela pequena Bíblia católica[1]. Dez anos antes, minha esposa me presenteara com aquele exemplar, o qual abri e li apenas a dedicatória. Fechei-a novamente; e em Fevereiro ou Março de 2004, o meu desespero e a falta de opções levou-me a abri-la. Comecei pelos Evangelhos, de Mateus e João. Não lia diariamente, as vezes passava até semanas sem ler. Nos piores dias, lia quase incessante. De alguma forma, eu sabia que ali estava a solução, mas não queria aceitá-la. De alguma forma, Deus me levou a ler a sua palavra, mesmo contra a minha vontade. A última coisa que eu poderia imaginar seria a volta ao evangelicalismo, do qual fiz parte na adolescência, por dois anos. Durante mais de vinte, eu nutria um ódio e uma aversão por crentes tão grande que nada mais suplantava esse desprezo, por eles, suas igrejas e seus cultos escandalosos. Se alguém vinha falar de Jesus, eu o repelia imediatamente. Se queriam me entregar um folheto, eu recusava com cara de poucos amigos. Era grosseiro, desaforado e rude ao extremo no trato com qualquer que se aproximasse com o intuito de apresentar o Evangelho. Fugia de qualquer contato, e tinha-os como inimigos declarados. Aprouve a Deus, portanto, utilizar a sua palavra, apenas a sua palavra, através daquela pequena Bíblia, para operar em mim o novo-nascimento. E foi o que aconteceu. Durante meses, ela foi a única ligação que tive com Deus. E a única que admiti ter.
Naquela madrugada, ao vê-la, peguei-a, e abri aleatoriamente. Em Gálatas, 2. Não me lembro ao certo, mas acho que comecei a ler no verso 16. E quando estava no verso 20, aconteceu algo que não consigo explicar. Foi como se uma força poderosa me lançasse ao chão, me pusesse de joelhos, a cabeça curvada ao peito, e um choro convulsivo a derramar lágrimas no rosto. Em minha mente havia apenas arrependimento por toda uma vida que desagradara a Deus. Por uma vida jogada fora, de inimizade, de rebeldia. Em que pequei, e pequei somente contra Ti; e meus pecados estavam diante de mim [Sl 51.3]. Eu dizia ao meu Senhor: Perdoa-me! Perdoa-me! Por todos os meus pecados; por tê-lo desprezado e rejeitado. Perdoa-me! Reconhecendo-o como Senhor e Salvador da minha vida.
Chorava, por mais ou menos meia-hora [foi o que me pareceu], não parei de chorar e de clamar o seu perdão. Subitamente, assim como a primeira lágrima, veio-me uma paz que não sabia explicar. Senti-me aliviado, e toda aquela dor passou e nem me lembrava mais dela. Havia uma segurança, uma certeza de que minha vida estava mudada, e de que seria outro homem. Como disse, não me veio nada claramente explicado, mas eu sabia, estava acontecendo. Cristo me convertera, se apiedara de mim, e mesmo na minha completa ignorância, mesmo que eu não lhe tivesse pedido nada, ele fez; e naquele exato momento, pude sentir o seu amor. Enquanto isso, lá fora, uma profusão de foguetes explodiam em homenagem à santa, uma imagem de barro, feita por mãos humanas, mas eu sabia que mais do que isso, aqueles foguetes revelavam a alegria nos céus por um pecador que se arrependia [Lc 15.7]. E, por incrível que pareça, eu tinha certeza de que todo aquele barulho, uma overdose sonora, era para que me fosse distinguido, impregnado aos tímpanos, entranhado na mente, que Cristo havia morrido por mim, e de que agora, e para sempre, eu seria seu e de mais ninguém.
Levantei-me. Sentei-me. Olhei o relógio. Seis e vinte. Peguei a pequena Bíblia, e recomecei a ler Gálatas. Desde o princípio. Quando novamente li o verso 2.20, não pude conter as lágrimas e, chorando convulsivamente, orei ao Senhor, fazendo o meu primeiro pedido de que, assim como Paulo, um dia pudesse dizer:"já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo-a pela fé do Filho de Deus, o qual me amou, e se entregou a si mesmo por mim". E aquela afirmação do apóstolo eu sabia verdadeira e possível para Deus, que a tornaria verdadeira e possível na minha vida, ainda que não entendesse como; mas estava impregnado da certeza de que, um dia, eu seria assim como ele é.
Dias depois, minha filha, então adolescente, conversava com minha esposa e meu filho, e disse: "dormi com um pai e acordei com outro". Tive confirmado o que já sabia, que a promessa em Gálatas estava se cumprindo, se cumpriria, pois Deus predestinou-nos a ser conforme a imagem do seu Filho, "a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos" [Rm 8.29]. Não para a nossa glória. Mas para a glória de Deus, que nos gerou como a filhos amados.
Neste momento, em que termino este texto, ouve-se ainda o foguetório; a espocar insensatos pelos homens que detém a verdade em injustiça. Então, esqueço-os, para agradecê-lo por ser-lhe servo e tê-lo por Senhor; para louvor da glória de sua graça, pela qual me fez agradável a si no Amado [Ef 1.6].
"Em louvor, e honra, e glória, na revelação de Jesus Cristo" [1Pe 1.7].
Nota: [1] Quando digo Bíblia católica, refiro-me ao exemplar impresso e publicado pela Edições Loyola, que à exceção dos livros e acréscimos apócrifos é a mesma santa palavra de Deus.
Hoje comemoro a data mais importante da minha vida. Não foi o meu nascimento na maternidade, nem o meu casamento, nem a vinda dos meus filhos, formatura ou qualquer outro evento que marcou a vida. Não que essas coisas sejam sem importância, não é isso. Elas são fundamentais, e devemos comemorá-las na proporção da felicidade e alegria com a qual Deus nos presenteou-as, como dádivas, como prova da sua bondade para conosco. Mas a prova maior do seu amor está em que "Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores" [Rm 5.8]. E foi, exatos seis anos, no dia 12.10.2004, que Cristo me resgatou no tempo, convertendo-me a si. Sei que a minha salvação é eterna, determinada por Deus antes da fundação do mundo, escolhido por ele para sempre, mas apenas tornou-se minha conhecida naquela data.
Parte de como era a minha vida e os meus pensamentos estão registrados no texto entitulado "A Morte da Morte", o qual pode ser lido aqui mesmo no Kálamos. Não vou entrar nos detalhes de como eu era, e nem é preciso. A Bíblia claramente assevera que, como todos os homens, eu não era justo, não entendia e nem buscava a Deus. Estava extraviado, e me fazia inútil; não fazia o bem. Minha garganta era um sepulcro aberto. Minha língua tratava enganosamente; peçonha de áspides estava debaixo dos meus lábios. A boca cheia de maldição e amargura. Os pés caminhando ligeiros para derramar sangue. Em meus caminhos havia destruição e miséria; e não conhecia o caminho da paz; nem havia temor de Deus diante dos meus olhos [Rm 3.10-18].
Mesmo não realizando alguns desses males, aos quais o apóstolo Paulo se referiu, e os profetas também relataram, todos os pecados estavam possíveis diante de mim, e somente não foram concretizados porque Deus não me deixou ser tudo o que eu poderia ser como pecador. Ele me poupou de levar à cabo toda a loucura e impiedade que estavam dispostas em meu coração, latentes a esperar o momento adequado para se manifestarem; e não ser ainda pior do que já era.
Como o pecado nos cega, eu estava cego, e me considerava o único dos homens que valia alguma coisa; e desprezava todos, sem exceção, e aqui posso incluir até mesmo a minha família. Basta alguns minutos de bate-papo com a minha esposa para se perceber o nível de corrupção em que minha alma se encontrava. Eu era um tolo considerando-me sábio. Apelava para uma sanidade impregnada de loucura. Para uma saúde doentia. Uma perfeição mergulhada na imperfeição; atolada na corrupção mais que possível. E eu não queria ver. Não podia ver. O pecado me impedia de olhar para mim mesmo e encarar a realidade. Por isso, ele criava ondas de ilusão e delirio que me mantinham preso a uma imagem desconstruída e mal-formada, a manter preservada a impiedade naturalmente disforme, e a formar cada vez mais o espectro do homem caído, cheio de si mesmo, em minha própria insuficiência.
Alguém poderá dizer: "mas que exagero! Ninguém é assim tão estúpido e tão mal". Mas pode acreditar, até o momento em que Senhor me restaurou, não há palavras suficiente para descrever o estado de corrupção, inaptidão e loucura da minha alma.
Havia passado a noite em claro, e por alguns dias, esta foi a minha rotina. Dormia duas, três horas por noite, intermitentes e atormentadas. Sem saber ao certo o que estava acontecendo, colocará-me contra tudo e todos. Havia apenas eu, e mais ninguém. Interessante que não havia problemas na minha vida, nada que justificasse o estado angustiante em que me encontrava. Não tinha problemas financeiros além do normal; pequenas dívidas a serem pagas parceladamente. Não havia problemas de saúde na família. Ou algo de grave e insustentável. O problema era eu, e somente meu. Nutria uma paranóia que colocava todos contra mim, e eu me defendia de nenhum ataque, odiando-os e jurando vingança. Até que, naquela noite, uma idéia desesperadora foi-se formando, e passadas algumas horas, já estava decidido; havia encontrado a solução final. E qual era? Abandonar tudo e todos, fugir, sem deixar rastros, e ir longe o suficiente para me livrar da dor que me consumia. Se eles eram o problema, nada mais natural do que afastá-los.
À medida que o tempo passava, e o silêncio era entrecortado por um veículo ou outro cruzando a rua, por uma voz ou outra solitária, eu estava cada vez mais decidido de que aquela era a solução. Estava na sala, a tv ligada, as cores de um filme se misturando à escuridão da mente.
Foi quando vi aquela pequena Bíblia católica[1]. Dez anos antes, minha esposa me presenteara com aquele exemplar, o qual abri e li apenas a dedicatória. Fechei-a novamente; e em Fevereiro ou Março de 2004, o meu desespero e a falta de opções levou-me a abri-la. Comecei pelos Evangelhos, de Mateus e João. Não lia diariamente, as vezes passava até semanas sem ler. Nos piores dias, lia quase incessante. De alguma forma, eu sabia que ali estava a solução, mas não queria aceitá-la. De alguma forma, Deus me levou a ler a sua palavra, mesmo contra a minha vontade. A última coisa que eu poderia imaginar seria a volta ao evangelicalismo, do qual fiz parte na adolescência, por dois anos. Durante mais de vinte, eu nutria um ódio e uma aversão por crentes tão grande que nada mais suplantava esse desprezo, por eles, suas igrejas e seus cultos escandalosos. Se alguém vinha falar de Jesus, eu o repelia imediatamente. Se queriam me entregar um folheto, eu recusava com cara de poucos amigos. Era grosseiro, desaforado e rude ao extremo no trato com qualquer que se aproximasse com o intuito de apresentar o Evangelho. Fugia de qualquer contato, e tinha-os como inimigos declarados. Aprouve a Deus, portanto, utilizar a sua palavra, apenas a sua palavra, através daquela pequena Bíblia, para operar em mim o novo-nascimento. E foi o que aconteceu. Durante meses, ela foi a única ligação que tive com Deus. E a única que admiti ter.
Naquela madrugada, ao vê-la, peguei-a, e abri aleatoriamente. Em Gálatas, 2. Não me lembro ao certo, mas acho que comecei a ler no verso 16. E quando estava no verso 20, aconteceu algo que não consigo explicar. Foi como se uma força poderosa me lançasse ao chão, me pusesse de joelhos, a cabeça curvada ao peito, e um choro convulsivo a derramar lágrimas no rosto. Em minha mente havia apenas arrependimento por toda uma vida que desagradara a Deus. Por uma vida jogada fora, de inimizade, de rebeldia. Em que pequei, e pequei somente contra Ti; e meus pecados estavam diante de mim [Sl 51.3]. Eu dizia ao meu Senhor: Perdoa-me! Perdoa-me! Por todos os meus pecados; por tê-lo desprezado e rejeitado. Perdoa-me! Reconhecendo-o como Senhor e Salvador da minha vida.
Chorava, por mais ou menos meia-hora [foi o que me pareceu], não parei de chorar e de clamar o seu perdão. Subitamente, assim como a primeira lágrima, veio-me uma paz que não sabia explicar. Senti-me aliviado, e toda aquela dor passou e nem me lembrava mais dela. Havia uma segurança, uma certeza de que minha vida estava mudada, e de que seria outro homem. Como disse, não me veio nada claramente explicado, mas eu sabia, estava acontecendo. Cristo me convertera, se apiedara de mim, e mesmo na minha completa ignorância, mesmo que eu não lhe tivesse pedido nada, ele fez; e naquele exato momento, pude sentir o seu amor. Enquanto isso, lá fora, uma profusão de foguetes explodiam em homenagem à santa, uma imagem de barro, feita por mãos humanas, mas eu sabia que mais do que isso, aqueles foguetes revelavam a alegria nos céus por um pecador que se arrependia [Lc 15.7]. E, por incrível que pareça, eu tinha certeza de que todo aquele barulho, uma overdose sonora, era para que me fosse distinguido, impregnado aos tímpanos, entranhado na mente, que Cristo havia morrido por mim, e de que agora, e para sempre, eu seria seu e de mais ninguém.
Levantei-me. Sentei-me. Olhei o relógio. Seis e vinte. Peguei a pequena Bíblia, e recomecei a ler Gálatas. Desde o princípio. Quando novamente li o verso 2.20, não pude conter as lágrimas e, chorando convulsivamente, orei ao Senhor, fazendo o meu primeiro pedido de que, assim como Paulo, um dia pudesse dizer:"já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo-a pela fé do Filho de Deus, o qual me amou, e se entregou a si mesmo por mim". E aquela afirmação do apóstolo eu sabia verdadeira e possível para Deus, que a tornaria verdadeira e possível na minha vida, ainda que não entendesse como; mas estava impregnado da certeza de que, um dia, eu seria assim como ele é.
Dias depois, minha filha, então adolescente, conversava com minha esposa e meu filho, e disse: "dormi com um pai e acordei com outro". Tive confirmado o que já sabia, que a promessa em Gálatas estava se cumprindo, se cumpriria, pois Deus predestinou-nos a ser conforme a imagem do seu Filho, "a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos" [Rm 8.29]. Não para a nossa glória. Mas para a glória de Deus, que nos gerou como a filhos amados.
Neste momento, em que termino este texto, ouve-se ainda o foguetório; a espocar insensatos pelos homens que detém a verdade em injustiça. Então, esqueço-os, para agradecê-lo por ser-lhe servo e tê-lo por Senhor; para louvor da glória de sua graça, pela qual me fez agradável a si no Amado [Ef 1.6].
"Em louvor, e honra, e glória, na revelação de Jesus Cristo" [1Pe 1.7].
Nota: [1] Quando digo Bíblia católica, refiro-me ao exemplar impresso e publicado pela Edições Loyola, que à exceção dos livros e acréscimos apócrifos é a mesma santa palavra de Deus.
Republicado com autorização. Fonte: Kálamos
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