O caminho do homem nesse mundo, começa ao nascer, passa pela adolescência, juventude, maturidade, velhice e morte. Não como escapar desse processo a não ser morrendo prematuramente ou antes que o ciclo todo se complete. A salvação do homem passa pelo evangelho e pela pessoa de Jesus Cristo unicamente. Por mais que uma pessoa qualquer ame uma das igrejas cristãs disponíveis dentro de sua cultura, país, nação , cidade, bairro, etc, elas podem no máximo apontar com maior exatidão ou não para a pessoa do Salvador, único nome dado para que qualquer um de nós possa ser salvo.
A salvação pela graça, conhecida amplamente na época de Jesus, na origem da igreja cristã, a igreja primitiva, ofuscada três séculos depois e novamente resgatada quase doze séculos mais tarde, pode hoje ser ainda ofuscada por liturgias, práticas aculturadoras e doutrinas que se esforçam em explicar em detalhes as minúcias da revelação bíblica e aspectos vários da relação homem-Deus criador.
Posto isso após todas as barreiras que ocasionalmente obstam o contato do homem perdido com a verdade salvadora, que de fato o salva e reestabelece a sua relação com o único Deus, esses mesmos homens se degradiam por minúcias doutrinárias, ora de menor peso, ora de maior peso, e algumas ardentemente defendidas como troféus, e repetidas por seus defensores com dedicação e paixão, ignorando a arbitragens divinas, que aparentemente, não se mistura com nossos interesses quase sempre bastante pessoais e de zelo egoístico.
Os discursos e reflexões parecem nunca terem fim pois embora aparentemente esgotados, cada grupo tem uma artilharia preparada e treinada que excluem exatamente aquilo que poderia indicar sua incoerência. Além do mais poucos, uma vertdadeira minoria teria maior condições e preparo para, se quisessem honestamente possibilitar uma melhor posição. Os demais apenas repetem o que é dito por uma parte ou por outra, em pedaço, em retalhos que ao se olhar para eles sem a cosnciência do todo, ora parecem se encaixar perfeitamente e ora não, para cada um dos lados que se posicionam opostamente.
A dificuldade de definição clara relacionada a um número expressivo de exemplos concretos consistentes torna impraticável uma definição da melhor posição. A maioria parecem expectadores de partidas de tênis cujas cabeças ora se voltam para um lado e ora para o outro da quadra, enquanto a bola vai e vem.
Nesse processo, por economia compreensível, alguns se fixam em uma posição ou outra, e passam a vida defendendo a todo o custo tal posição a partir de uma minúscula trincheira.
Destaco duas, defendidas por pessoas que amam ao Senhor , e crendo nele são salvas, graças a Deus.
Samuel Falcão, calvinista, e não só defensor de sua posição, mas alguém que dedica a sua vida a proclamar a sua forma de compreensão da relação de Deus conosco, e ensiná-la, cita um teológo importante, também calvinista, B. B. Warfield, quando esse afirma claramente, sem incongruências de discurso:
“Não podemos pensar em Deus senão como um ser que determina tudo o que acontece no mundo, deste mundo que é produto do seu ato criador. Todas as coisas sem exceção estão dispostas por ele, e sua vontade é a última palavra para tudo o que acontece, é ele que dirige os passos dos homens, quer eles saibam ou não, quem ergue e derriba; abre e endurece o coração; e cria os pensamentos e intentos verdadeiros do coração.”
Tal declaração tem implicações naturais inegáveis como por exemplo: eu estou escrevendo o que o que você lê só porque nós dois estamos sendo movidos por Deus a fazê-lo, eu enquanto escrevo, ou antes penso o que escrevo, e você quando decide visitar esse blog e ler essa postagem, sempre. Nas coisas boas é assim e nas terríveis também. Se o encontro e o mato, Deus o matou através de mim e você veio ao meu encontro através de Deus. Quando isso é dito teológicamente com expressões teológicas em grego a pessoas religiosas, geralmente uma plateia cativa ou sucetível ao que lhes é dito, parece algo lógico, mas que repensado livremente não pode ser a luz da realidade e de infinitos eventos reais.
Segundo essa cosmovisão, e não há como minorar as suas consequências lógicas, todas as criaturas de Deus são meros fantoches e todos os eventos parte de um roteiro detalhado e sem nenhuma possibilidade da menor alternativa e tal realidade assim defendida com unhas e dentes parece inegável pois é aparentemente legitimada por uma total soberania divina . Desse modo também qualquer evento bíblico, é prova cabal dessa pressuposta verdade, da criação dos céus e da terra, do homem, da queda, e de qualquer fato relacionado a qualquer personagem dentro de qualquer narrativa bíblica e por extensão dos bilhões de seres humanos anônimos. Uma "verdade" raza e sem maiores e mais complexas implicações.
Dentro e da Bíblia e claro, fora dela, nenhum ato bom ou ainda que ruim, constituiria uma única e isolada exceção. É como na ciência: um único foto em contrário pode derrubar toda uma teoria, ou pelo menos modificá-la substancialmente. Não há portanto, sob essa ótica, uma única, note bem, uma solitária possibilidade de alguma criatura, de algum modo produzir uma reles ação, sem que Deus o induza a tê-la.
Cristãos evangélicos principalmente, por tradição, se baseiam na revelação Escriturística, embora aparentemente não nos diga coisas, pelo menos da maneira que gostaríamos de ouvir, ora parece favorecer uma posição e ora outra. O amor ao Senhor e o desejo de agradá-Lo e serví-Lo nos une e deveria deixar-nos sempre inclinados a ouvir as Escrituras de modo definitivo aio invés de discursos e argumentação puramente humanas ainda que, teologicamente como reflexões, possam ser em princípio legítimas.
Há na Bílbia, em toda Escritura, um fato, que pela narrativa e testemunho da Palavra de Deus possamos pensar o contrário?
Sim. No livro de Jeremias 7.30,31
"Porque os filhos de Judá fizeram o que era mau aos meus olhos, diz o SENHOR; puseram as suas abominaçöes na casa que se chama pelo meu nome, para contaminá-la.
E edificaram os altos de Tofete, que está no Vale do Filho de Hinom, para queimarem no fogo a seus filhos e a suas filhas, o que nunca ordenei, nem me subiu ao coração".
No texto citado acima, temos o testemunho de Deus, de que os pecados relacionados na passagem em questão, todos maus e terríveis, não tem origem em Deus e são ações humanas, engendradas e colocadas em prática ( praticas pecaminosas ) unicamente por seres humanos. Como consequência, temos o registro do justo juízo de Deus sobre Judá e a razoalidade do julgamento divino. Um único fato bíblico demolindo toda uma argumentação deterministica construída teimosamente por cinco séculos e defendida com ardor e paixões aquém da objetividade, quando a atenção para a verdadeira relação Deus com o homem, sua criação, deveria ser outra, o que trouxe ainda traz graves implicações no testemunho e na pregação do evangelho, por pessoas que amam verdadeiramente ao seu Salvador e Senhor e na perdição consequente de muitos não serem alcançados pela pregação do evangelho, voluntária, solícita, criativa e esforçada por parte de cada um que já tenha encontrado o Senhor e portanto tenha sido salvo.
Por Helvécio S. Pereira