Na teologia popular e mesmo na teologia leiga há claramente a noção de que Deus esteja presente ao lado de todas as pessoas em todas as circunstâncias. Temos ainda, e é sem dúvida algo bom, o costume de recomendar as pessoas ( algo muito popular no Brasil graças a tradição católica romana ) que as pessoas ao se despedirem de nós, digamos a elas: "-vá com Deus!", "-Vão com Deus!", etc.
O significado maior, mais exato talvez seja "lembre-se de Deus...", "...não vá sozinho...", busque a proteção de Deus"...etc. Não é algo ruim, mas de fato, Deus está de fato presente com todas as pessoas em todo o tempo, ou com todos os que de algum modo crêem nEle? Ou não? Como explicar acidentes, desastres, crimes contra a vida ou violação da mesma, a morte enfim, mesmo acontecida aos crentes, particularmente em locais, países, e circunstâncias não potencialmente perigosas em si, até normais dentro da realidade daquele local, daquela época, etc? Fora de perseguições pela fé, fora de regiões geográficas afeitas a terremotos, vulcões, furacões, tempetades tropicais, em países de fato civilizados e onde as leis funcionam, onde há segurança e governo?
Como ficam as arquiteturas e colocações teológicas nesse caso? Por "arquiteturas teológicas" entenda-se a compreensão fechada de determinada igreja ou posição teológica que posta a prova contradiz francamente a realidade. Por exemplo para um Calvinista todo e qualquer fato já estaria determinado, não há possibilidade alguma de ser diferente. O desfecho é o que estaria escrito, determinado pela vontade de Deus. Desastres, curas, coisas ruins ou boas, ao final só o foram desse modo porque Deus já determinara antes de todo o tempo e não dentro da história humana. Não se trata de algo de somenos importância. Se trata de pode ser ou não ser. O que se segue teologicamente é apenas uma tentativa exaustiva de fazer o pensamento, a idéia a apreensão prevalecer sobre a realidade.
Sou batista, conheci e aceitei a Jesus Cristo em uma igreja batista mas só depois soube que a confissão de fé batista reza que "uma vez salvo, salvo para sempre", embora concorde com os demais pontos da confissão batista, não concordo com esse em especial e honestamente sou obrigado a avisar a qualquer novo convertido que segundo o que entendo do que a Bíblia diz, somente quem perseverar será salvo, embora da parte de Deus todo crente terá todo o suporte e proteção que necessitar para manter a sua fé, pois ninguém poderá nos arrebatar das mãos do Senhor Jesus. Entretanto uma coisa não exclui a outra e portanto os "ricardos gondins" da vida devem arrepender-se e voltar ao primeiro amor.
No caso da reflexão em questão, não há "anjos da guarda"como crêem os católicos romanos" e nem tão pouco estamos todos "brindados" em todas as circunstâncias façamos o que façamos sem uma razão maior para que haja livramento e a tão desejada proteção. Isso conhecendo a Palavra de Deus, o Deus da Palavra e procurando agradá-Lo a cada momento, imagine quem nem sequer o conheça, não conheça a Sua Palavra, não conheça a Sua vontade?
O que ensinam as Escrituras de fato?
As Escrituras nos ensinam que houve de fato uma mudança importante de condição antes da queda e pós queda do homem no Éden. Isso é claro e definitivo. Se o Éden era um a"estufa" onde a humanidade seria formada da melhor maneira sob perfeitas condições ( nem chuva havia ocorrido sobre a terra ), expulsos do Éden a terra lhes seria desfavorável e o suor do rosto pelo trabalho árduo e a reprodução desconfortável para a mulher seriam, em princípio os sinais mais imediatos dessa nova condição.
Inicialmente aquele grupo pequeno e inicial de seres humanos, Deus falava a Adão, a Eva, a Abel e a Caim. Hoje sem o conhecimento da Palavra de Deus e por crer nela, orando a Deus, no nome de Jesus, esse ser humano, homem ou mulher, pode e de fato experimenta algo tão real como os primeiros seres humanos, falar e sentir, ser de fato ouvido por Deus. Mas como no inicio da humanidade nem todos os seres humanos, por várias razões, não despertam a mesma atenção de Deus. Embora o amor de Deus esteja de fato, disponível a todos, somos todos diferentes e nos mostramos como somos de fato diante do Deus criador de todas as coisas, não o podemos enganá-Lo, e tocando as nossas vidas segundo a nossa particular vontade, o agradamos ou não, levando-O ( talvez falte a palavra mais exata ) a mover-se por nós.
Isso pode desagradar sobejamente a teologia tradicional de muitos pastores, membros de igrejas, crentes enfim, mas a posição deles ou de sua teologia particular não traz respostas que elucidem de fato a grande pergunta. Então vamos as Escrituras, não em uma ocasião somente, mas em mais de uma. Umas delas é exatamente a ocasião em que uma mulher contra-argumenta que embora seja a hora e a vez dos filhos ( dos israelitas ) no ministério do Senhor Jesus, os cachorrinhos comiam das migalhas que caiam da mesa do senhor. Ou seja: para todas as bençãos, sejam materiais, protetivas, de saúde, o homem tem que pedir, tem que argumentar com Deus. A segunda lição é o fato de termos que incomodar "o juiz iníquo" ( se o juiz iníquo seria capaz de ouvir o pedido de alguém só pela incomodação quanto mais um Deus amoroso como o que o Senhor Jesus nos revelara através de Si mesmo, afinal quem vê a Jesus vê ao Pai ). Mas a outros textos nas Escrituras que nos revelam e nos provam que é assim que as coisas funcionam segundo a foma como Deus nos vê e vê a realidade, gostem alguns ou não, aceitem ou não, creiam ou não.
O homem sem Deus se encontra-se sozinho, tocando a vida conforme as suas próprias forças, inteiramente limitadas pelas circunstâncias. Conhecendo a Deus, muitos de nós continuamos, por desconhecimento, vivendo e agindo do mesmo jeito: Deus lá distante, Deus lá cuidando de Suas próprias coisas, e cá no mundo real, material, simplesmente as coisas acontecessem limitadas e determinadas pelas cirncustâncias naturais, previsíveis que se mostram mais imutáveis do que o próprio Deus, onde tudo parece ser igual ou maior do que Deus. Na prática a fé desse crente e a cosmovisão desse tipo de crente não é maior e nem melhor do que a do próprio descrente. A diferença é que um não tem teologia nenhuma e o outro a tem que justifique a sua incredulidade travestida de fé bíblica real e verdadeira.
Toda vez que fazemos a nossa vontade não é a vontade de Deus que se está a ser realizada, portanto que obrigação teria Deus de me proteger e fazer com que as coisas me sejam favoráveis? logicamente nenhuma, ou poderia ser diferente? Alguns asseveram que não fazemos a nossa vontade com o argumento que nem um afolha da árvore cai ( da árvore ) sem que seja a vontade de Deus. Entretanto a compreensão dessa passagem se faz na declaração conjunta do Senhor Jesus, que ao afirmar que até os fios de cabelo da nossa cabeça estão contados, a "vontade" aí é o não desconhecimento de Deus de qualquer fato, não há supresas para Deus. Deus vê e sabe todas as possibilidades, pois Ele mesmo as criara, mas semelhantemente a um video game que é um script fechado, em que todas as movimentos e jogadas já estão "escritos" e só por isso são possíveis, cada "jogada" é do jogador e não do criador do game, e o final é apenas um dos vários finais possíveis e já escritos pelo autor do jogo.
O desafio, a escolha agora é "jogar sozinho" ou "jogar ajudado". O incrédulo "joga sozinho", muitas vezes um jogo perdido nos aspectos profissionais, afetivos, materiais, intelectuais, espirituais ( sempre ) ou escolher "jogar guiado", por Aquele que nos prometeu e é fiel dizendo como promessa: "estarei convosco até a consumação dos séculos", "jamais te deixarei e nem te desampararei...", promessas feitas coletiva ou individualmente, devem ser apropriadas a cada dia, pois a nossa rebelião, mesmo como crentes, de fazermos as coisas por nós mesmo, como Caim que recusou a dar ouvidos ao aviso prévio do Senhor sobre seus sentimentos e disposição malévola com relação a seu irmão. Abel teria dado ouvidos a Deus ou será que Deus só falara com Caim e não prevenido a Abel, o primeiro não protegido ( desprotegido ) da história humana? Não saberemos as verdadeiras razões, mas essas razões podem ser repetitivas hoje, reicindentes tanto para os "cains" de hoje como para os "abéis" de hoje.
Uma coisa é certa, em nenhum momento somos desencorajados a clamar, a pedir por socorro, pedir por direção, por proteção, por sabedoria, por uma saída, milagre ou cura. O fato é que não somos tão humildes para pedir o que deveríamos e precisássemos. Nem a nossa fé incorruptível como o grão de mostarda, cuja qualidade não é exatamente o seu pequeno tamanho, como muito se ilustra na pregação, mas na impossibilidade de cruzamento dessa pequena semente com outra espécie vegetal.
Por que andar sozinho quando temos o exemplo e a lição da vida de Davi em fazê-Lo pelo simples reconhecimento e dependência absoluta, Deus o Senhor, como nosso único e suficiente Pastor?
Deus no abençoe nessa compreensão. Amém!
Por Helvécio S. Pereira