É perigoso fazer de um verso das Escrituras uma doutrina, ou uma afirmação teológica radical, a história da igreja cristã no mundo é prova incontestável disso. Cristãos bem intencionados ou minimante apressados são pais de verdadeiros e desastrosos erros teológicos, alguns se perpetuando por séculos e servindo de forte ou pelo menos perigoso entrave à verdadeira pregação e ensino do verdadeiro Evangelho.
Não é meu desejo nessa altura da atuação da igreja cristã e particularmente da igreja protestante, hoje mais conhecida após várias e importantes constatações de igreja evangélica, cometer ou ainda induzir outros ao mesmo erro. Nem acho que essa afirmação feita na chamada dessa postagem mude muita coisa, ou que mude alguma coisa que mude radical e positivamente qualquer pregação ou ensino na igreja cristã.
Qual a utilidade então? criar uma curiosidade e dar uma pseudo resposta, criar uma gueto teológico? gerar teses teológicas para ocupar o tempo ocioso de crentes sob uma aparência de diligência escriturística? não. O que eu digo, algo lembrado em uma simples meditação enquanto caminhava, se constatada pelo que há de registrado nas Escrituras, na Bíblia Sagrada, apenas confirmaria o que se tem como compreensão indireta, ligado à fé e à conversão posterior a essa fé, definindo de forma mais clara como esses fenômenos se processam no crente, no cristão. hoje e no passado.
Há um consenso mais que natural de que para salvação é imprescindível a fé em Jesus Cristo, já que não há segundo as mesmas Sagradas Escrituras, salvação em nenhum outro nome dado nos céus ou abaixo do céus a não ser nele: Jesus. Há controvérsias também naturais ao descrever esse fenômeno pós sua realidade nas vidas dos que crêem.
Um erro simplório e desonesto, é o de exatamente escolher que versos das Escrituras dão suporte à uma crença específica ou afirmação isolada. Outras vezes os versos são isolados do seu contexto temporal, local e para quem as afirmações em questão são de fato dirigidas por quem as fez. Isso é claro quando calvinistas rejeitam a operação de milagres aos moldes dos Evangelhos e do livro de Atos dos Apóstolos, dizendo que as palavras ditas no famoso "ide" em Marcos, não se dirigem a nós hoje mas somente aos ouvintes daquela declaração. Do mesmo modo aceitam que a escolha dos doze primeiros discípulos na declaração enfática do Senhor Jesus, não se referiam somente a eles mas aos predestinados à salvação de todos os tempos. Essa diferença e erro de citação será devidamente esclarecida ainda nessa postagem.
Um erro simplório e desonesto, é o de exatamente escolher que versos das Escrituras dão suporte à uma crença específica ou afirmação isolada. Outras vezes os versos são isolados do seu contexto temporal, local e para quem as afirmações em questão são de fato dirigidas por quem as fez. Isso é claro quando calvinistas rejeitam a operação de milagres aos moldes dos Evangelhos e do livro de Atos dos Apóstolos, dizendo que as palavras ditas no famoso "ide" em Marcos, não se dirigem a nós hoje mas somente aos ouvintes daquela declaração. Do mesmo modo aceitam que a escolha dos doze primeiros discípulos na declaração enfática do Senhor Jesus, não se referiam somente a eles mas aos predestinados à salvação de todos os tempos. Essa diferença e erro de citação será devidamente esclarecida ainda nessa postagem.
Fugindo do "teologês" que elitiza e torna o conhecimento e a compreensão da revelação escriturística algo cansativo e às vezes impossível para pessoas com limitação escolar formal, gostaria de lembrar que para alguns, Deus vai ao encontro da pessoa que ainda não conhece a verdade e opera nela tudo, a crença e a compreensão e a consequente transformação de valores, ideias e comportamentos o que redunda na prática no chamado Novo Nascimento.
Outro grupo pensa que ao ouvir a pregação do Evangelho, direta ou indiretamente, das mais variadas maneiras, desde um convite para um "show gospel", uma reunião de oração, uma sessão do descarrego, um estudo bíblico, uma visita, um ar livre ( ainda tem? ), uma visita a uma igreja só para conhecer, uma cura milagrosa, um livramento qualquer etc, etc, etc, seja qual for o motivo e o meio, a pessoa começa a dar atenção e se interessar em saber mais de Deus, de Jesus Cristo e da grande salvação oferecida nas Escrituras.
Finamente essa pessoa, homem ou mulher, confessa que crê, se batiza, e se coloca agora como crente, como cristão, no caminho da salvação. Mudanças radicais acontecem nessa pessoa, algumas mais imediatas, outras, mais demoradas, nascendo um amor a Deus e pelas coisas de Deus e desse modo até o fim de sua vida, esse homem ou essa mulher, buscará mais e mais de Deus, e em seu coração a maior esperança é a de justamente um dia vê-lo face a face, justamente aquele do qual se creu, sem vê-lo, só de ter ouvido acerca dele.
Finamente essa pessoa, homem ou mulher, confessa que crê, se batiza, e se coloca agora como crente, como cristão, no caminho da salvação. Mudanças radicais acontecem nessa pessoa, algumas mais imediatas, outras, mais demoradas, nascendo um amor a Deus e pelas coisas de Deus e desse modo até o fim de sua vida, esse homem ou essa mulher, buscará mais e mais de Deus, e em seu coração a maior esperança é a de justamente um dia vê-lo face a face, justamente aquele do qual se creu, sem vê-lo, só de ter ouvido acerca dele.
Em resumo essa é a experiência de todo crente verdadeiro. O viés teológico, a denominação, o tipo de culto e liturgia, pontos menos importantes embora sempre existam não constituem nem de longe, por comparação o centro da vida cristã desses crentes, mas o amor e a comunhão com o seu Senhor e Salvador. Alguns por razões naturais terão condições de saber muito, ou pelo menos muitos mais detalhes sobre a sua fé, outros de características intelectuais e educacionais mais modestas se contentarão e guardarão a simplicidade do que conseguiram reter e entender. Esses são os pequeninos dos quais o Senhor Jesus advertiu ( a todos nós ) que não podemos nem por sonho fazê-los tropeçar.
Há uma compreensão e consenso de que essa experiencia aqui resumida e colocada de maneira até simples, é na prática a conversão facilmente observável nas pessoas em todas as igrejas. Mudança essa constatável por coisas também simples: um largou a bebida, outro o fumo, outro as drogas, outro a prostituição e por aí vai. Familiares, amigos, colegas de serviço, todos são testemunhas de que algo aconteceu, e os fatos são incontestáveis, sejam testemunhados por quem crê, tenha a mesma fé ou outros que ainda não creiam e não tenham a mesma compreensão. Vejo isso todos os dias, histórias de conversão nas mais diferentes igrejas.
Muitos depois de anos, após contarem eles mesmos os fatos e as mudanças por eles mesmos experimentadas, mudanças reais, mas que duraram apenas algum tempo, ou negam a fé confessada ou assumem uma confissão mediana e conciliatória, crêem mas com reservas, não vivendo uma vida que tenha a coerência necessária com o que um dia compreenderam e creram. Isso é as vezes tão comum e facilmente constatado entre celebridades que se convertem, artistas, políticos, etc, com grande repercussão, inicialmente apressadamente positiva e depois escandalosa promovendo confusão ou contaminado a seriedade de tantos outros testemunhos duradouros de outras pessoas anônimas e até de outras celebridades e artistas.
Embora seja esse um fenômeno atual amplificado pelas tecnologias de comunicação, redes sociais, internet, imprensa, mídia radiofônica e televisiva cristã e secular, etc, devemos compreender que esse fenômeno e fatos desse tipo sempre ocorreram em toda a história da igreja, inclusive desde o seu início na época dos fatos registrados no próprio livro de Atos dos Apóstolos, no Novo Testamento.
A igreja, pastores, teólogos ou cristãos e crentes anônimos se dividem em uma das duas explicações mais cômodas: ou essas pessoas se converteram de forma incompleta, nunca converteram ou converteram de fato e simplesmente decaíram da fé, alguns até apostatando da fé que um dia aparentemente professaram e até testemunharam diante de tantos holofotes oferecidos até pela própria igreja evangélica ávida por tirar proveito de testemunhos de celebridades com multidões de fãs no meio secular e muitas vezes terrivelmente profano e irrecomendável.
Que tem a ver a chamada acima dessa postagem com as colocações feitas nessa aparente introdução?
Simples: trata-se de uma resposta prática que vem de encontro a essa situação real. O que é de fato uma conversão e quem são as pessoas convertidas?
Portanto tratemos de cada uma dessas questões em separado.
Há uma diferença básica entre os discípulos, particularmente dos doze inicialmente que acompanhavam o Senhor Jesus e cada pessoa que vai a uma igreja pela primeira vez, pela segunda vez, por inúmeras vezes e que lentamente entende e crê no Evangelho e se une a essa mesma igreja e nela permanece ou migra para outras denominações, também por vários motivos, mas permanece crendo e amando a Deus e esperando em nosso Salvador Jesus Cristo até o fim da vida, terminando a carreira cristã e guardando a fé que nos salva a todos e a cada um de nós.
A diferença é que eles, os doze discípulos, não eram convertidos, como entendemos ao ver hoje um crente após aceitar a Cristo como seu Senhor e Salvador. Eles foram escolhidos para seguir a Jesus e vendo tudo o que Jesus fazia, testemunhando cada milagre, pudessem finalmente crer nEle.
Qual a base bíblica e segura para isso?
Vamos por partes mais uma vez:
Sobre Pedro, o próprio Senhor Jesus, disse claramente que o mesmo não era convertido ainda. Leiamos o registro dessa fala e o episódio de seu acontecimento:
Lucas 22. 31 – 34
Simão, Simão, eis que Satanás vos reclamou para vos peneirar como trigo! Eu, porém, roguei por ti, para que a tua fé não desfaleça; tu, pois, quando te converteres, fortalece os teus irmãos. Ele, porém, respondeu: Senhor, estou pronto para ir contigo, tanto para a prisão como para a morte. Mas Jesus lhe disse: Afirmo-te, Pedro, que hoje, três vezes negarás que me conheces, antes que o galo cante.
É dito com toda a clareza que Pedro em um futuro após aquele episódio se converteria ( declaração feita pelo próprio Senhor Jesus ) e após isso deveria fortalecer seus irmãos ( de fé ). Pedro não aceitando a declaração explícita e impossível de ser contraditada feita pelo Senhor Jesus, declara a sua disposição em ficar ao lado do Senhor, ser preso com Ele e ainda morrer com o Senhor, ao que o Senhor Jesus revela em uma profecia: hoje três vezes negarás que me conheces, antes que o galo cante. Profecia cumprida, realizada fielmente. Logo Pedro não era convertido, embora tivesse algum tipo de fé claro, no Deus de Israel e em Jesus, mas como tal ainda que intencionasse fazer o melhor para Deus com o seu entendimento não o conseguiria na prática, algo só possível, como foi após a sua conversão!
O mesmo ocorre hoje com católicos, anglicanos e não poucos grupos protestantes e paraprotestantes, têm um conhecimento de Deus, crêem que Ele exista, entendem as confissões religiosas de suas igrejas cristãs, as apóiam e até as defendem, são religiosos e se alegram com acontecimentos, ações e com a ética cristã em suas respectivas igrejas e religiões cristãs, mas daí a terem uma conversão completa é uma outra questão importante a ser colocada seriamente buscando respostas.
Mas seria Pedro o único "não convertido" no grupo?
Vejamos o caso de Tomé:
"Ora, Tomé, um dos 12, chamado Dídimo, não estava com eles quando veio Jesus. Disseram-lhe, então, os outros discípulos: Vimos o Senhor. Mas ele respondeu: Se eu não vir nas suas mãos o sinal dos cravos, e ali não puser o dedo, e não puser a mão no seu lado, de modo algum acreditarei". João 20.24.
Após a ressurreição, após todos terem já se encontrado com o Senhor Jesus e ao dizerem isso a Tomé, esse reage raivoso, quer provas e diz com todas as letras quais as provas bem definidas que podem convencê-lo. Se não for do jeito dito por ele, de modo algum acreditarei!
Alguém pode, com segurança, dizer que Tomé era um convertido, como nós compreendemos ( e exigimos dos outros ) hoje? Poderia alguém ser convertido parcialmente apenas? E Tomé e Pedro seria exemplos desses casos? Em que a aparência de piedade, os exercícios e procedimentos religiosos, não são suficientes para produzir posicionamento, ousadia, e aceitação das coisas de Deus?
Vejamos um caso de clara superstição por parte dos discípulos. Observe que não se tratou de um ou outro mas compreende-se pelo texto de ser uma manifestação de todos sem nenhuma contestação por parte de nenhum deles:
«Jesus forçou os discípulos a entrarem na barca e seguir, à sua frente, para o outro lado do mar, enquanto ele despediria as multidões. Depois de despedi-las, Jesus subiu ao monte, para orar a sós. A noite chegou, e Jesus continuava ali, sozinho. A barca, porém, já longe da terra, era agitada pelas ondas, pois o vento era contrário. Pelas três horas da manhã, Jesus veio até os discípulos, andando sobre o mar. Quando os discípulos o avistaram, andando sobre o mar, ficaram apavorados e disseram: “É um fantasma”. E gritaram de medo. Jesus, porém, logo lhes disse: “Coragem! Sou eu. Não tenhais medo!”. Então Pedro lhe disse: “Senhor, se és tu, manda-me ir ao teu encontro, caminhando sobre a água”. E Jesus respondeu: “Vem!” Pedro desceu da barca e começou a andar sobre a água, em direção a Jesus. Mas, quando sentiu o vento, ficou com medo e, começando a afundar, gritou: “Senhor, salva-me!”. Jesus logo estendeu a mão, segurou Pedro, e lhe disse: “Homem fraco na fé, por que duvidaste?”. Assim que subiram no barco, o vento se acalmou. Os que estavam no barco prostraram-se diante dele, dizendo: “Realmente, tu és o Filho de Deus!”» (Mt 14,22-33).
Era noite, ou melhor madrugada, em meio a uma grande escuridão em pleno mar, com apenas iluminação proporcionada por tochas ou candeeiros simples, ou ainda talvez pela luz do luar. No passado e muito mais do que hoje, a noite sempre foi vista como tempo de mistério e sujeito a manifestações sobrenaturais e pouco ou nada explicáveis. Ao verem Jesus, não o reconhecendo de imediato, gritaram: "é um fantasma!" e não só isso, gritaram por causa do medo! Fantasma, espírito de mortos, superstição. Falta de entendimento da realidade, crença em explicações alheias à revelação escriturística. E há de se lembrar que todos eles, sem exceção, eram judeus! Todos, mesmo em níveis diferentes, instruídos na tradição revelada aos judeus em todo o Antigo Testamento, na lei e nos profetas.
Supersticiosos, medrosos do inexplicáveis e sem a crença e a compreensão desejável do que a Bíblia diz quem somos e como é a realidade da vida e da morte humanas. Seriam esses detalhes apenas algo resultante da cognição, conhecimento relacionado à informação recebida ou obtida? A um convertido não se cumpriria a promessa de que o Espírito Santo nos ensinaria todas as coisas, executando uma milagrosa e imediata limpeza do que seria um lixo em nossas mentes, de forma que uma crença antibíblica seria extirpada da mente do crente tão imediatamente que ela não poderia fazer mais sentido algum, independente do nível intelectual do convertido?
Sobre Judas Iscariotes alguns afirmam que o mesmo estaria determinado a fazer tudo o que fez e que não haveria nenhuma possibilidade a ele ( Judas Iscariotes ) de ser ou fazer diferentemente do que fez. Se isso fosse verdade, todas as coisas patéticas que ocorrem hoje, e que sempre ocorreram no passado por ação de todo e qualquer ser humano seria igualmente verdade. Se não pode ser verdade para todos os fatos não pode ser verdade para o próprio Judas e a explicação verdadeira deve ser obrigatória e claramente outra.
Longe se ser um dilema, a busca de uma resposta de fato satisfatória, se torna clara a luz de outras revelações bíblicas, como a que declara que um abismo chama outro abismo. Judas cometia vários erros, que isolados e somados, tinham uma enorme possibilidade de terminar como terminou a sua vida. As revelações de Isaías setecentos anos atrás e as feitas pelo próprio Senhor Jesus, até um pouco antes dos decisivos acontecimentos que envolveriam a traição e crucificação, são revelados através da cortina dos tempos como provas para todos até nós no futuro, hoje, e para os que ainda viverão depois de nós. Mas Judas é culpado exatamente por ter escolhido ter a sua própria compreensão e visão dos acontecimentos.
Uma prova simples de que Judas iscariotes não foi predestinado a ser o homem mais desgraçado de todos os homens que já viveram sobre a terra em toda a história humana, exatamente por ter vivido, ouvido e visto com seus próprios olhos o que muitos homens gostariam de ter tido o privilégio de ter vivido, ouvido e visto e por causa disso poderem ter tido a oportunidade de crerem e serem salvos!
Ao contrário de muitos outros nomes, o nome de Judas não carrega nenhum sentido fatídico como tantos nomes que marcaram episódios amargos ou desgraças familiares, vejamos:
Judas Iscariotes (em hebraico יהודה איש־קריות, Yehudhah ish Qeryoth; em grego bíblico Iouda Iskariôth ou Iouda Iskariotes ) foi um dos 12apóstolos de Jesus Cristo, que, de acordo com os Evangelhos, veio a ser o traidor que entregou Jesus Cristo aos seus capturadores por 30 moedas de prata. Era filho de Simão de Queriote (Jo 6, 71; 13, 26). Judas, em grego Ioudas, é uma helenização do nome hebraico Judá (יהודה,Yehûdâh, palavra que significa "abençoado" ou "louvado"), sendo, por sinal, o nome de apóstolo que mais vezes aparece nos Evangelhos (vinte vezes) depois do de Simão Pedro.
Outro dado que dentre os discípulos, Judas pelo seu perfil e suposta origem, a ele estaria reservado o ministério nada menos do que o de Saulo ( que foi escolhido por Deus para substituí-lo, a ele Judas, rejeitado o nome sorteado pelos próprios discípulos como registrado no livro de Atos ).
Mas por que Judas Iscariotes perdeu tamanha benção e honra, por que foi rejeitado finalmente ( quando Jesus declara a ele, Judas, o que tens de fazer faze- já! ) tendo um destino tão terrivelmente ruim que sobre ele o próprio Senhor Jesus declara, melhor não haver nascido?
Vejamos um pouco mais a partir de informações públicas e conhecidas em todo o cristianismo:
Judas Iscariotes foi escolhido como um dos 12 apóstolos de Jesus Cristo, sendo apresentado, na listagem dos seus nomes, sempre em último lugar (Mateus 10:2-4; Marcos 3:16-19; Lucas 6:13-16). Mais tarde, ele tornou-se infiel e iníquo, conforme apresentado no Novo Testamento. Era o encarregado da bolsa do dinheiro dos apóstolos: «tendo a bolsa, tirava o que nela se lançava» (João 12:6). Teria demonstrado exteriormente a sua fraqueza na cena da unção com óleo perfumado em Betânia, onde testemunhou que estava mais apegado ao dinheiro do que propriamente aos gestos concretos com que Jesus demonstrava a sua missão (João 12:1-6).
Nada de errado em cuidar do dinheiro e das ofertas recolhidas algo natural e necessário para manter o grupo em atividade, viajando de um lugar para o outro, se alimentando, suprindo de necessidades básicas ás multidões de ouvintes, seja com água ou alimentos eventualmente providenciados. Judas Iscariotes cuidava do dinheiro, aparentemente por ter talento para cuidar dessa parte, mas ao invés de manifestar justiça, era injusto, ladrão, se beneficiava desse serviço ou ministério específico e necessário.
Entretanto Judas não era distante de Jesus, alguém que manifestasse claramente uma atitude de antagonismo ou contestação explícita, vejamos também:
Embora os Evangelistas digam claramente que «Jesus sabia, desde o princípio, quem eram os que não criam, e quem era o que o havia de entregar» (João 6:64) e tivesse sido, de algum modo, aduzido e predito, caso se leia o Salmo 55 como uma referência ao que viria a suceder com Jesus, que o traidor seria um "amigo íntimo" - «Pois não era um inimigo que me afrontava; então eu o teria suportado […] Mas eras tu, homem meu igual, meu guia e meu íntimo amigo» (Salmos 55:12-13) -, há muitos que contestam se Judas estava ou não predestinado a ser o traidor.
Judas entregou Jesus por 30 moedas de prata (Mateus 26:15 - Mateus 27:3), que provavelmente seriam siclos e não denários como freqüentemente se julga e afirma[. Esse era o preço de um escravo (Êxodo 21:32). De acordo com o autor do Evangelho de Mateus, os principais sacerdotes decidiram não colocar essas moedas no tesouro do Templo de Jerusalém, mas, em vez disso compraram um terreno no exterior da cidade para sepultar defuntos (Mateus 27:6-7). Segundo Zacarias, profeta do Antigo Testamento, a vida e o ministério do prometido Messias (ou Cristo) seria avaliado em 30 moedas de prata (Zacarias 11:12-13). Isto significava que, segundo a leitura dos acontecimentos feita pelo evangelista Mateus, os líderes religiosos judaicos foram induzidos a avaliar a vida e ministério de Jesus de Nazaré como dotada de bem pouco valor.
A motivação da sua ação é justificada ou explicada, nos Evangelhos, de diferentes modos. Assim, nos Evangelhos mais antigos, os de Mateus e de Marcos, tal deveu-se à sua avareza (Mateus 26:14-16; Marcos 14:10-11). Já nos Evangelhos de Lucas e de João o seu procedimento é subordinado à influência direta de Satanás - ο σατανας - (Lucas 22:3;João 13:2-27) sobre as suas ações.
O fato é que Judas Iscariotes, não cometeu erros esporádicos, eventuais, mas erros que provavelmente revelavam um modo ou jeito de ser anteriores ao próprio chamamento e discipulado com o Senhor Jesus Cristo. Logo Judas só manifestou algo que sempre foi, teve a chance de se converter e não se convertera.
Ou seja nem o ambiente espiritual novo, nem as coisas novas vistas e aprendidas, coisas novas explicadas, o exemplo de justiça e perfeitas dados o tempo todo pelo próprio Senhor Jesus não convertera Judas Iscariotes. Embora o seu nome, dado por seus pais por ocasião de seu nascimento, pode dar a Judas Iscariotes o final diferente do que ele mesmo, Judas construiu a cada dia.
Hoje na igreja, em várias igrejas a muitos e muitas Judas Iscariotes, que mesmo expostos à melhor e mais desejável doutrina bíblica não permanecem na congregação dos justos, pois ainda que não tão claramente aos seus pastores e membros de suas diferentes igrejas, dia a dia produzem injustiças que abrindo abismos, chamam outro abismo até a queda final se não se arrependerem!
Judas entretanto não pode se arrepender, apenas sentiu o peso da culpa, e abandonado a suas própria sorte, sob o abandono dos sacerdotes inconversos e hipócritas, distantes do Deus que aparentemente se propunha fanaticamente defender, atormentado possivelmente pelo próprio Satanás sempre interessado em desviar e acusar os seguidores de Jesus até o ponto de se possível desmotivá-los e finalmente destruí-los na sua própria derrota após servir-lhes a seus priores propósitos, Judas se mata!
Os autores do Novo Testamento, relendo à luz da sua Fé as escrituras do Antigo Testamento, procuraram, de algum modo, mostrar que a morte de Judas fora análoga à que as Escrituras apresentavam para o "desesperado" («Vendo Aitofel que se não tinha seguido o seu conselho, albardou o jumento, e levantou-se, e foi para sua casa [...], se enforcou e morreu» (II Samuel 17:23)) e para o "ímpio" (no deuterocanônico Sabedoria 4:19: «Em breve os ímpios tornar-se-ão cadáver sem honra, objeto de opróbrio para sempre entre os mortos: o Senhor os precipitará de cabeça para baixo, sem que digam palavra, e os arrancará de seus fundamentos. Serão completamente destruídos, estarão na dor e sua memória perecerá.»).
Assim, no caso do Evangelho de Mateus se relata que Judas Iscariotes, ao sentir remorsos, decide suicidar-se por enforcamento: «E Judas, atirando para o templo as moedas de prata, retirou-se e foi-se enforcar» (Mateus 27:5), e nos Actos dos Apóstolos, o seu autor conta que caiu de cabeça para baixo, rebentando ruidosamente nos rochedos pelo meio: «Adquiriu um campo com o salário de seu crime. Depois tombando para frente arrebentou ao meio e todas as vísceras se derramaram» (Atos 1:18). Procurando-se harmonizar e combinar os dois relatos da sua morte pode-se dizer que Judas se terá enforcado, mas que a corda - ou o ramo da árvore onde esta estava atada - se terá quebrado. A vaga por ele deixada - segundo Atos 1:26 - foi preenchida por Matias.
A pergunta entretanto permanece: Judas Iscariotes era inconverso ou um convertido? A resposta simples é valida para os outros: não era convertido ainda e diferente dos outros jamais se converteu e depois do último erro não teve mais tempo!
Mas Deus não poderia tê-lo convertido? Era ele Judas Iscariotes pior que o ladrão da cruz, do que aquele que creu e do qual desconhecemos quão graves foram os seus crimes? Pedro, Tomé, os irmãos de Jesus não descriam de Jesus, ou pelo menos manifestaram clara e inequívoca dúvida, tão grande como qualquer incrédulo no passado ou ainda hoje? E quando a Saulo que matava ou consentia, era portanto um cúmplice na morte de cristãos, dos que criam no Senhor?
Ou Deus ao observar o que nós os homens fazemos, favorece ou rejeita cada um de nós? Mostrado misericórdia ou exercendo juízo imediato?
Conjecturas, mas importantes, Judas nunca teria a perspectiva correta das coisas. Hoje nas diferentes igrejas, membros e até pastores, após anos na igreja fazendo tudo o que é feito como costume e cultura, nunca tiveram a perspectiva correta do Reino de Deus, perspectiva essa acalentada e substituída pela própria leitura pessoal que ou se desfaz ou assume contornos eréticos e totalmente antibíblicos teologicamente, terminando em apostasia, heresia ou ateísmo explícito e negacional das verdades antes cridas. Vejamos:
De acordo com alguns estudiosos, Judas de Iscariotes teria sido membro da seita dos zelotes. No quadro de um Messianismo Político do 1.º Século, estaria convencido de que ele, com todo o seu poder, concretizaria a chegada do Reino tão desejado por Israel. Mas, com o tempo, terá começado a sentir-se desiludido, porque Jesus não terá correspondido aos seus ideais e expectativas. Desencantado com Jesus, o terá entregue ao Sinédrio, para assim unir o povo judeu numa revolta contra Roma e desencadear o estabelecimento imediato do Reino de Deus. (Ref.ª Diário de Noticias de 21 de maio de 2006, Secção Opinião, Anselmo Borges, Padre e Professor de Filosofia; National Geographic, Abril de 2006, pág.; História Viva, Novembro de 2003, pág. 61-5; O Processo de Judas, Dr. Remy Bijaoui, Imago, 1999).
Esta visão é apresentada em muitas obras literárias e no cinema, com especial atenção para A Última Tentação de Cristo (1988), baseado no romance do mesmo nome de Nikos Kazantzakis (1954), mais tarde (1988) transformado em filme dirigido por Martin Scorsese, além do filme O Rei dos Reis, clássico sobre a vida de Jesus Cristo de 1961 dirigido por Nicholas Ray, onde apresenta Judas (interpretado com brilhantismo por Rip Torn) como um zelote, que auxilia Barrabás na luta contra a Opressão Romana, e que ao se juntar ao grupo de Jesus, ele está convencido que o Galileu instalará o Reino de Deus na Judeia, pois Jesus tem o poder de fazer milagres, e que assim, liquidará com todos os opressores romanos. Para provar o poder de Cristo, e também com a finalidade de forçá-lo a se proclamar Rei, ele entrega-o às autoridades, mas quando vê o Nazareno subjugado, açoitado, e carregando uma cruz, seu conceito sobre o Filho de Deus se desvanece, e desiludido, ele resolve se enforcar.
Esta visão é apresentada em muitas obras literárias e no cinema, com especial atenção para A Última Tentação de Cristo (1988), baseado no romance do mesmo nome de Nikos Kazantzakis (1954), mais tarde (1988) transformado em filme dirigido por Martin Scorsese, além do filme O Rei dos Reis, clássico sobre a vida de Jesus Cristo de 1961 dirigido por Nicholas Ray, onde apresenta Judas (interpretado com brilhantismo por Rip Torn) como um zelote, que auxilia Barrabás na luta contra a Opressão Romana, e que ao se juntar ao grupo de Jesus, ele está convencido que o Galileu instalará o Reino de Deus na Judeia, pois Jesus tem o poder de fazer milagres, e que assim, liquidará com todos os opressores romanos. Para provar o poder de Cristo, e também com a finalidade de forçá-lo a se proclamar Rei, ele entrega-o às autoridades, mas quando vê o Nazareno subjugado, açoitado, e carregando uma cruz, seu conceito sobre o Filho de Deus se desvanece, e desiludido, ele resolve se enforcar.
Judas era inconverso como os demais, mas ao contrário dos demais por várias circunstâncias, Judas Iscariotes não se desvencilhou de tudo que o manteria distante e alheio a verdadeira compreensão do que Deus estava fazendo diate dele, Judas e no seu tempo.
Mas em que fundamentalmente os doze discípulos diferiam de todos nós que ouvimos de alguma maneira as Boas Novas, emfim o Evangelho e fomos instados após ouvi-lo e o entendermos, tomarmos uma decisão que geraria ou abriria caminho a verdadeira conversão?
Leiamos com atenção os textos que registram o chamamento dos primeiros discípulos por parte do Senhor Jesus Cristo:
Mateus 4
18 Andando à beira do mar da Galileia, Jesus viu dois irmãos: Simão, chamado Pedro, e seu irmão André. Eles estavam lançando redes ao mar, pois eram pescadores.
19 E disse Jesus: "Sigam-me, e eu os farei pescadores de homens".
20 No mesmo instante eles deixaram as suas redes e o seguiram.
21 Indo adiante, viu outros dois irmãos: Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão. Eles estavam num barco com seu pai, Zebedeu, preparando as suas redes. Jesus os chamou,
22 e eles, deixando imediatamente seu pai e o barco, o seguiram.
Marcos 1
14 Depois que João foi preso, Jesus foi para a Galileia, proclamando as boas-novas de Deus.
15 "O tempo é chegado", dizia ele. "O Reino de Deus está próximo. Arrependam-se e creiam nas boas-novas!"
16 Andando à beira do mar da Galileia, Jesus viu Simão e seu irmão André lançando redes ao mar, pois eram pescadores.
17 E disse Jesus: "Sigam-me, e eu os farei pescadores de homens".
18 No mesmo instante eles deixaram as suas redes e o seguiram.
19 Indo um pouco mais adiante, viu num barco Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão, preparando as suas redes.
20 Logo os chamou, e eles o seguiram, deixando seu pai, Zebedeu, com os empregados no barco.
Lucas 5
1 Certo dia Jesus estava perto do lago de Genesaré, e uma multidão o comprimia de todos os lados para ouvir a palavra de Deus.
2 Viu à beira do lago dois barcos, deixados ali pelos pescadores, que estavam lavando as suas redes.
3 Entrou num dos barcos, o que pertencia a Simão, e pediu-lhe que o afastasse um pouco da praia. Então sentou-se e do barco ensinava o povo.
4 Tendo acabado de falar, disse a Simão: "Vá para onde as águas são mais fundas", e a todos: "Lancem as redes para a pesca".
5 Simão respondeu: "Mestre, esforçamo-nos a noite inteira e não pegamos nada. Mas, porque és tu quem está dizendo isto, vou lançar as redes".
6 Quando o fizeram, pegaram tal quantidade de peixes que as redes começaram a rasgar-se.
7 Então fizeram sinais a seus companheiros no outro barco, para que viessem ajudá-los; e eles vieram e encheram ambos os barcos, ao ponto de começarem a afundar.
8 Quando Simão Pedro viu isso, prostrou-se aos pés de Jesus e disse: "Afasta-te de mim, Senhor, porque sou um homem pecador!" Jesus disse a Simão: "Não tenha medo; de agora em diante você será pescador de homens".
9 Pois ele e todos os seus companheiros estavam perplexos com a pesca que haviam feito,
10 como também Tiago e João, os filhos de Zebedeu, sócios de Simão.
11 Eles então arrastaram seus barcos para a praia, deixaram tudo e o seguiram.
Acerca dos discípulos Jesus afirmara claramente que eles ( os discípulos ) não O escolheram mas Ele (o Senhor Jesus ) os escolheram, e no caso o final do registro no versículo que registra esse fato, para um objetivo específico diverso da salvação, mas do fruto, advindo de uma ação, ir ao mundo, mais exatamente ( algo que se tornaria mais claro bem depois ) pelo mundo.
"Não fostes vós que me escolhestes a mim; pelo contrário, eu vos escolhi a vós outros e vos designei para que vades e deis fruto, e o vosso fruto permaneça. "( João 15.16 )
Que o Senhor nos abençoe. Amém!
Por Helvécio S. Pereira*
*graduando em teologia
NOTA:
A conversão como é abordada nesse ensaio, não é tida como correspondente à fé para salvação, embora muitas vezes os próprios discípulos manifestassem incredulidade até a cerca da própria vida eterna.
Esse é o versículo de citação preferencial, dos calvinistas contra os arminianos, para provar a predestinação, só que essa "escolha" se relaciona a um ministério e não à salvação. E é essa a grande diferença, muitos chamados e pouco escolhidos se refere também ao serviço e ao ministério e não à salvação. Os doze apóstolos constituíram um grupo seleto e específico para serem treinados, os primeiros a compreenderem o plano divino, testemunharem a sua execução, se converterem e terem uma missão específica no mundo levando essa mensagem a todo o mundo.
Isso nos choca? se observarmos atentamente ( não citarei evento por evento e texto por texto ) nos registros escriturísticos, as pessoas criam e se convertiam arrependo de seus pecados, enquanto acerca dos discípulos não há nenhuma menção de arrependimento ou crença, ao contrário muitas e variadas provas de incredulidade ou má compreensão da realidade e do que Jesus operava diante de seus próprios olhos.
Essa é a grande diferença entre nós e eles, mas muitos de nós estão exatamente de um modo oposto, se põem a fazer coisas, a ser de determinada forma, sem se converterem e depois dessa conversão fortalecer os próprios irmãos na fé. Talvez a igreja hoje padeça em muitos casos desse desvio, e não se trata de uma denominação ou igreja em particular, nem é culpa dos métodos, mas de uma inversão do que foi para os doze apóstolos e para os que os que devem ao ouvir a Palavra de Deus poderem responder com arrependimento e mudança de vida como Zaqueu, como o Gadareno, a mulher hemorrágica, a mulher Samaritana e tantos outros ricos e poderosos exemplos.
Por Helvécio S. Pereira*
*graduando em teologia
NOTA:
A conversão como é abordada nesse ensaio, não é tida como correspondente à fé para salvação, embora muitas vezes os próprios discípulos manifestassem incredulidade até a cerca da própria vida eterna.
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