Já a algum tempo um querido irmão, um cristão e crente inspirador, um escritor profícuo escrevera um artigo em seu blog abordando a soberania de Deus sob o aspecto estrito calvinista, é claro que discordo dele e dos reformados e calvinistas nesse aspecto, embora seja inútil mais um desgastante debate sobre o tema, e embora pudesse pela nossa amizade falarmos mais uma vez pessoalmente sobre o assunto, preferi fazer agora uma exposição pública por dizer oferecendo não um debate acalorado e emocional mas uma segunda visão do assunto.
É oportuno recordar que toda a construção teológica/filosófica de João Calvino se origina em uma pergunta sincera do mesmo a respeito do motivo pelo qual católicos da sua época e não ateus modernos vaidosos da nossa ciência contemporânea e de filósofos materialistas não entendiam e se convertiam à Salvação em Cristo. Até aí tudo bem, pergunta perfeita e cabível e uma resposta errada: "porque não podiam" e uma justificação mais filosófica que teológica totalmente bíblica, por não terem sido predestinados à salvação.
Logo na cosmovisão calvinista os salvos foram preteritamente escolhidos para ser salvos e os demais não-salvos para serem perdidos. Trata-se de um roteiro proto que apenas se cumpre desde "antes da fundação do mundo" até um fim inexistente ou perdido na eternidade. Daí tudo o que se segue teologicamente é apenas um esforço inconsciente de justificar essa premissa. Esforço que busca justificar algo que inconscientemente se sinta naturalmente insustentável à luz da racionalidade mais simples.
No referido artigo de título "Deus não tem escolhas" entre, muito bem escrito e articulado, em um estilo bastante agradável literariamente, o querido irmão defende que Deus não tem escolhas não por ser livre, mas por sempre na sua suprema perfeição só poder escolher a melhor opção de todas as opções possíveis. Mais ou menos a extrema e oposta oposição do pobre predestinado à perdição que não pode fazer a única escolha que o salvaria, a única coisa certa que seria crer em Cristo.
O irmão articulista embora em tese reconheça que a Deus todas as coisas sejam possíveis o prende e o amarra na sua própria perfeição. Deus nessa cosmovisão é refém da sua onisciência à semelhança do rei Midas cujo toque transformava tudo e ouro e que finalmente morreu só e faminto sem poder sequer se alimentar. Essa não parece seguramente ser melhor percepção de quem seja Deus e do que Ele possa fazer.
Levado para o espaço dos acontecimentos reais, os mais tristes episódios, bem como os mais felizes e louváveis, são todos, no mesmo balaio, resultados de uma pretensa melhor escolha de Deus, como se até os piores desastres tivessem um bom resultado, o melhor resultado, empurrado sempre para um futuro que escape às nossas mais imediatas e também tardias percepções.
Não é isso que a própria Bíblia nos mostra e nem tão pouco o que os fatos mais cotidianos também nos parece mostrar tão facilmente. Aliás todas as formas de determinismo, seja o cristão ou o pagão, mais antigo, parece consolar os homens falsamente pretendendo um desfecho distante e consolador que atenue a percepção da dura realidade com suas perdas irrecuperáveis e seus erros imperdoáveis.
O Deus que se autor revela na Bíblia, e isso é um ponto, notadamente importante, não um Deus filosoficamente imaginado para formar uma compreensão humana, não é um Deus preso pelos seus próprios atributos, como um ser que tenha toque e não consegue se livrar de suas manias e de seu auto condicionamento. O Deus autor revelado na Bíblia é um Deus livre!
Porém o fato de ser totalmente livre não o faz imprevisível como é o deus Alá no Corão e no islamismo, em que o mesmo criador não é confiável pois jamais se pode ter certeza do que fará. O Deus bíblico difere na sua autor revelação dos deuses das diversas mitologias presos em lutas e reféns de divindades maiores e também menores do que si mesmos. Satanás, Lúcifer não representa um dualismo opostamente correspondente a Deus mas ao que parece certamente a uma oposição mais estrita aos seres humanos, a nós. A queda humana, através de Adão e Eva é uma queda da espécie humana e não do universo ou de outros seres anteriores e posteriores à humanidade, embora o levante e rebeldia angélica seja claramente anterior à criação da Terra e da própria humanidade.
Dessa forma a revelação bíblica se destina à humanidade em um absoluto e restrito recorte da história humana dentro de um contexto muito maior que seja os Céus, todos e cada Céu e toda a realidade, certamente muito maior e além de nossa própria história e realidade do ponto de vista humano. ou seja quem Deus é e como se comporta é algo muito além do que podemos supor a partir da nossa humanidade. Uma realidade decididamente maior e muito além do recorte da existência humana já existira e existirá de algum modo além.
Logo pensar que Deus não impedira um acidente ridículo e evitável como alguém que coçara o ouvido com a chave de uma caminhoneta em movimento a alta velocidade em uma rodovia travando o volante, matado a esposa do motorista incauto, não pode ser a melhor escolha de Deus se de fato ele escolhera e determinara esse fato bizarro ( esse é um relato real de um um colega professor irmão do motorista que causou esse desastre ) é algo que escapa a uma razoabilidade e que beire a alguma insanidade. Mas é isso que um calvinista acredita em tese e finalmente e acredita como fenômeno normal e inteligível e louvável.
Poderia citar o próprio João Calvino em detalhes pouco lembrados de sua biografia: Calvino acometido de tuberculose pregou durante quatro anos em sofrimento com a doença, dois dos últimos sentados em uma cadeira, certamente contaminando outras muitas pessoas. Hoje a tuberculose em todas as suas modalidades podem ser tratadas e curadas facilmente enquanto também ateus e promíscuos podem ter suas vidas mantidas mesmo com AIDS graças aos avanços científicos e médicos. Logo uma pretensa 'melhor escolha de Deus' não pode ser a melhor explicação para esses eventos específicos e nem tão pouco para outros categoricamente imagináveis.
Mas a parte de paixões teológicas e filosóficas a Bíblia responde essas questões ou elas estão lá misteriosamente maquiadas ou de difícil achado?
Do ponto de vista prático e observável todos os acontecimentos são de uma plularidade incontável e matematicamente imaginada mas imensurável. as diversas liturgias e cultos dentro da própria igreja cristã protestante esconde as verdadeiras convicções e posições sejam denominacionais ou individuais, embora para líderes, clérigos, religiosos e fiéis seja francamente mais importante agradar aos homens que a Deus.
Não é a toa que a úncia fé elogiável pelo Senhor Jesus tenha sido justamente do Centurião romano e não de um mestre judaico fariseu. eu e você não precisamos ser "calvinistas" ou "arminianos", "pentecostal" ou "não pentecostal"... nem mesmo católico, ortodoxo ou anglicano, mas "crentes" e crentes no que a Bíblia nos revela inexoravelmente.
O Senhor Jesus já dissera claramente: " A Deus TODAS AS COISAS SÃO POSSÍVEIS". É claro igualmente que essa declaração se referia não só mas além das curas de doenças que fez e além dos menos realizados mas também grandemente realizados como as resurreições de mortos e até algo singular que escapa a nossa atenção; a longevidade de João que podeira viver, se o Senhor Jesus o decidisse, por mais de longos dois mil anos, até os dias de hoje e mais exatamente até a vinda do próprio Senhor Jesus na sua segunda vinda.
Em outra passagem das Escrituras vemos claramente que a "LOUCURA DE DEUS É MAIS SÁBIA QUE A DOS HOMENS." O interessante que fica claro nesse episódio e nessa declaração que o pensar de Deus e o pensar dos homens são independentes. Isso é perceptível igualmente quando compreendemos que desobediência é a capacidade exata de não obedecer a outrem. Somos amigos do Senhor Jesus quando fazemos o que Ele nos manda, ou seja podemos fazer exatamente o oposto e do nosso jeito. Qual foi o erro de Caim? prover um sacrifício, embora desagradável e dispendioso, já que teria que obter um animal de seu irmão, seria o certo, mas Caim criara uma teologia do seu jeito, impôs a Deus o seu culto e às suas regras e conveniência teológica.
Os defensores do determinismo teológico cristão asseveram que um "Deus" que admitisse liberdade humana e um desenrolar histórico à margem de sua rígida vontade não seria "soberano" e refém do ser humano. Entretanto vemos até os próprios deterministas fazendo "escolhas" todos os dias, seja a cor do carro, a mulher ou o homem amado, onde morar, profissão, quantos filhos ter, os nomes dos mesmos, o time de futebol, preferências musicais, o tipo de smartphone, etc, etc.
Quem escolhe tantas coisas, incluindo o que vai comer no almoço ou no lanche não pode dizer sim eu creio em Cristo?
Eles se defendem dizendo que não! que no caso específico da salvação não podem compreender as coisas de Deus por estar"mortos" e mortos não têm por esse estado, escolha! Entretanto quando o Senhor Jesus exortou seus ouvintes ao arrependimento, não pareceu estar falando a defuntos putrefatos e imóveis... ele disse claramente se eles não se arrependessem igualmente pereceriam como os acidentados fortuitamente pela queda da torre!
O arrependimento é um ato humano e ele é que exatamente separa ao longo do tempo salvos de perdidos e não nenhum determinismo teológico!
A Bíblia revela maravilhosamente que as "escolhas de Deus" não se baseiam unicamente no purismo intelectual e de conhecimento, mas no PRAZER!
Isso significa que Deus faz muitas coisas, não por serem as melhores finalmente, mas pelo prazer em beneficiar um ser humano. A fé de uma pessoa, de um ser humano, pode ser tão prazerosa a Deus que Deus intervem em favor dessa pessoa. milagre nessa perspectiva é uma exceção, uma intervenção divina que pode nem ter antecedente jurídico. Deus, dessa forma não está preso a um roteiro pré escrito sabe-se quando mas pronto a interferir em favor de alguém que lhe agradara com uma fé singular em determinado momento.
A mulher que argumentou junto a Jesus dizendo que até os cães comem das migalhas que caem das mesas de seus donos, recebeu a cura da filha... o Senhor Jesus falava exatamente de um roteiro, os judeus em primeiro lugar, a eles se oferecia as bençãos primeiramente mas pela fé da mulher estrangeira ela foi atendida na sua necessidade.
A universalmente conhecida oração do "Pai nosso" é um pedido diário para a intervenção divina diária em nossas vidas com toda a demanda e pecularidade dos desafios humanos de cada um de nós.
Deus tem sim escolhas, e a Ele todas as coisas são possíveis, independentemente do que determinada teologia cristã define, limita ou diz! creia nisso hoje e agora mesmo e se liberte das amarras denominacionais e teológicas, fique sempre com a revelação bíblica em toda a sua plenitude e eficácia!
Por Helvécio S. Pereira
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