"Oceans"

segunda-feira, 25 de julho de 2011

A IGREJA, OS EDITORES DAS BÍBLIAS EM LINGUAGEM MAIS "ACESSÍVEL", JÁ ENTRARAM NESSA...E VOCÊ?

As vezes religiosos só falam linguagem de religiosos. A sua verborragia só gira em tornos das mesmas idéias ( nem sempre as mais fiéis à Bíblia ) e entre seus iguais, no máximo pares divergentes. Distantes da realidade parecem nunca tratarem ( porque não vêem de fato ) o mundo real ( seja o divino ou o terráqueo mesmo ). Para não se passarem por desatualizados, desajustados com a civilização em que vivem ( a referência é sempre a Europa decadente ou a parcela norte-americana apóstata ) se "modernizam pateticamente. E não são poucas as mostras reais dessa atitude cada vez mais prevalente: o ex-pastor do presidente Barack Obama, já sugeriu aos seus comandados de sua poderosa denominação a chamar Deus de "mãe" ( já não basta defender o direito legítimo de alguém ser viado, transexual, etc.) 

Ou seja para não ofender o homem vamos "enviadar" a Deus também, subvertendo a mais profunda análise do significado de masculino, que não só transcende o fato de se ter um apêndice frontal de dupla e necessária função, curiosamente chamado em latim de "pênis" ( ou cauda / rabo  e não "calda" de solução açucarada, doce ) mas o antecede e nada tem a ver com a sexualidade ou gênero ( o gênero é apenas um reflexo de uma realidade tida como masculina ).

Masculino é o que tem a capacidade de iniciar um processo, no caso reprodutivo. Deus por isso não poderia ser jamais mãe, pois ninguém o "fecunda" mas Ele mesmo é o "start" de todas as coisas. Logo a Bíblia não é "machista" sob esse aspecto, só a ignorância escancarada pode abrir brecha para tal grau de conjecturas. Sem mais delongas, vamos ao bem humorado texto abaixo ( que não é de minha lavra - só essa longa introdução que estabelece a relação entre a chamada da postagem e o bom  texto recebido por e-mail )  mas reflete o meu humor sobre o assunto e tem tudo a ver com o assentimento de certa parcela dos religiosos modernos:   

Por Helvécio S. Pereira *

* Não sou favorável ao uso dos palavrões ( nem pelos não crentes e desrespeitosos mesmo por o serem com frequência - que digam para si mesmos e xinguem as suas próprias mães ) mas infelizmente ( os palavrões, ofensas e ofensores, estão ao nosso redor e os ouvimos com relativa frequência. Dessa vez serve para combater o seu avesso:  a falsa polidez, a descrição, a definição falsa que oculta mas não sára. Talvez segregue mais e mais pois deixa de ser  "ofensa" para ser rotulador,  agora com "legitimidade".


O CRAVO NÃO BRIGOU COM A ROSA


Texto de Luiz Antônio Simas

Chegamos ao limite da insanidade da onda do politicamente correto.

Soube dia desses que as crianças, nas creches e escolas, não cantam mais O cravo brigou com a rosa. A explicação da professora do filho de um camarada foi comovente: a briga entre o cravo - o homem - e a rosa - a mulher - estimula a violência entre os casais. Na nova letra "o cravo encontrou a rosa debaixo de uma sacada/o cravo ficou feliz /e a rosa ficou encantada".

Que diabos é isso? O próximo passo é enquadrar o cravo na Lei Maria da Penha.
Será que esses doidos sabem que O cravo brigou com a rosa faz parte de uma suíte de 16 peças que Villa Lobos criou a partir de temas recolhidos no folclore brasileiro?

É Villa Lobos, cacete!

Outra música infantil que mudou de letra foi Samba Lelê. Na versão da minha infância o negócio era o seguinte: Samba Lelê tá doente/ Tá com a cabeça quebrada/ Samba Lelê precisava/ É de umas boas palmadas. A palmada na bunda está proibida. Incita a violência contra a menina Lelê. A tia do maternal agora ensina assim: Samba Lelê tá doente/ Com uma febre malvada/ Assim que a febre passar/ A Lelê vai estudar.

Se eu fosse a Lelê, com uma versão dessas, torcia pra febre não passar nunca. Os amigos sabem de quem é Samba Lelê? Villa Lobos de novo. Podiam até registrar a parceria. Ficaria assim: Samba Lelê, de Heitor Villa Lobos e Tia Nilda do Jardim Escola Criança Feliz.

Comunico também que não se pode mais atirar o pau no gato, já que a música desperta nas crianças o desejo de maltratar os bichinhos. Quem entra na roda dança, nos dias atuais, não pode mais ter sete namorados para se casar com um. Sete namorados é coisa de menina fácil.
Ninguém mais é pobre ou rico de marré-de-si, para não despertar na garotada o sentido da desigualdade social entre os homens.

Dia desses alguém [não me lembro exatamente quem se saiu com essa e não procurei a referência no meu babalorixá virtual, Pai Google da Aruanda] foi espinafrado porque disse que ecologia era, nos anos setenta, coisa de viado. Qual é o problema da frase? Ecologia, de fato, era vista como coisa de viado. Eu imagino se meu avô, com a alma de cangaceiro que possuía, soubesse, em mil novecentos e setenta e poucos, que algum filho estava militando na causa da preservação do mico leão dourado, em defesa das bromélias o u coisa que o valha. Bicha louca, diria o velho.

Vivemos tempos de não me toques que eu magôo. Quer dizer que ninguém mais pode usar a expressão coisa de viado ? Que me desculpem os paladinos da cartilha da correção, mas isso é uma tremenda babaquice. O politicamente correto é a sepultura do bom humor, da criatividade, da boa sacanagem. A expressão coisa de viado não é, nem a pau (sem duplo sentido), ofensa a bicha alguma.

Daqui a pouco só chamaremos o anão - o popular pintor de roda-pé ou leão de chácara de baile infantil - de deficiente vertical . O crioulo - vulgo picolé de asfalto ou bola sete (depende do peso) - só pode ser chamado de afrodescendente. O branquelo - o famoso branco azedo ou Omo total - é um cidadão caucasiano desprovido de pigmentação mais evidente. A mulher feia - aquela que nasceu pelo avesso, a soldado do quinto batalhão de artilharia pesada, também conhecida como o rascunho do mapa do inferno - é apenas a dona de um padrão divergente dos preceitos estéticos da contemporaneidade. O gordo - outrora conhecido como rolha de poço, chupeta do Vesúvio, Orca, baleia assassina e bujão - é o cidadão que está fora do peso ideal. O magricela não pode ser chamado de morto de fome, pau de virar tripa e Olívia Palito. O careca não é mais o aeroporto de mosquito, tobogã de piolho e pouca telha.

Nas aulas sobre o barroco mineiro, não poderei mais citar o Aleijadinho. Direi o seguinte: o escultor Antônio Francisco Lisboa tinha necessidades especiais... Não dá. O politicamente correto também gera a morte do apelido, essa tradição fabulosa do Brasil.

O recente Estatuto do Torcedor quer, com os olhos gordos na Copa e 2014, disciplinar as manifestações das torcidas de futebol. Ao invés de mandar o juiz pra putaqueopariu e o centroavante pereba tomar no olho do cu, cantaremos nas arquibancadas o allegro da Nona Sinfonia de Beethoven, entremeado pelo coro de Jesus, alegria dos homens, do velho Bach.

Falei em velho Bach e me lembrei de outra. A velhice não existe mais. O sujeito cheio de pelancas, doente, acabado, o famoso pé na cova, aquele que dobrou o Cabo da Boa Esperança, o cliente do seguro funeral, o popular tá mais pra lá do que pra cá, já tem motivos para sorrir na beira da sepultura. A velhice agora é simplesmente a "melhor idade".

Se Deus quiser morreremos, todos, gozando da mais perfeita saúde. Defuntos? Não.

Seremos os inquilinos do condomínio Cidade do pé junto.

Abraços,
Luiz Antônio Simas

(Mestre em História Social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e professor de História do ensino médio).

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